Hora de retratação.
É verdade.
O blog tem sido assaltado por momentos e pensamentos exclusivamente ruins.
Mas, acontece que nem sempre você quer que as pessoas tomem parte desses pensamentos quando eles te acometem; acontece que nem sempre você tem alguém dando mole e disposto a tomar parte deles; e, mesmo assim, você precisa se livrar deles de alguma forma, né?
Fora isso, eu também não ando muito disposta a liberar minha felicidade para qualquer um. Felicidade pode incomodar muita gente.
Muita gente que não tem nada a ver a ver com a minha felicidade.
Depois, eu descobri (pólvora) que eu tenho um tesão imenso em reclamar das coisas. O que pode não ser 100% bacana, mas é louvável a partir do momento que a insatisfação te faz correr atrás da satisfação.
E eu sou chegada a exageros.
Sempre fui.
É o clássico que eu pegue pesado e alguém tenha que vir me puxar os freios.
Não.
Estar grávida não é Tão ruim quanto eu pinto.
Se fosse, as pessoas não procriavam, nós não seríamos “construídas” para isso e não existiriam mulheres que realmente gostam desse estado o tempo todo.
Elas existem, eu sei.
Acontece que pintam esse estágio para as meninas a vida toda como a coisa mais cor de rosa que pode acontecer com você e esquecem de dizer que você fica à beira da loucura de vez em quando, que pesa, que a sua coluna vai doer, que você vai andar feito uma pata choca (faz sentido), que você vai comer como uma viking, que toda a noção que você tinha sobre gases era nada perto do que acontece agora, e por aí vai...
É um estágio em que você se torna, de novo, um ser primitivo.
E isso, pelo menos na minha opinião, acaba um pouco com todo o glamour que existia na coisa.
Mas também tem seu lado sensacional.
Afinal de contas, você está fazendo a coisa mais perfeita que tem chance de fazer!
É um pedaço de você com, um pouco de sorte, um outro pedaço de uma pessoa que você ama! Melhor que qualquer outra troca que possa fazer com essa pessoa é esse momento, é essa junção o momento mais bonito entre vocês dois, independente de qualquer outra forma de relação que vocês possam ter.
Olha que bacana!
Um filho é a gozada que deu certo! A que virou gente!
Dá pra entender?
É surreal se tocar que você que está fazendo ossos, pele, coração!
No início, a presença física dela não era a mesma de hoje.
Me incomodava que alguém perguntasse como ela estava porque eu não sabia. No início você reza para que tudo que esteja bem, que tudo esteja certinho, que o coraçãozinho bata do jeito que tem bater; hoje ela está aqui, chutando, rodando, dançando o tempo todo, o que torna a percepção do “estar tudo bem” muito mais fácil e tranqüilo.
Olhar a barriga crescendo e mexendo é a Melhor Coisa do Mundo!
Eu me preocupo muito em como eu vou conseguir criar uma pessoa.
Porque gente é um barato, mas existe gente boa e gente ruim, e a gente sempre quer que a gente da gente seja boa. Que a nossa gente seja das poucas que valem a pena nesse mundo.
E quando a gente pensa nisso, de vez em quando pira.
Não.
Não é tão ruim assim, não.
É mais um estágio novo da vida.
Um passo natural.
Uma coisa que eu esperei muito para acontecer e que me espanta muito.
Me espanta muito porque eu achava que ia ser o paraíso, porque eu não esperava reclamar tanto, não esperava ter tanto medo disso.
Mas aí que o tempo está passando e as coisas estão dando certo.
Mais um pouquinho só e ela sai daqui de dentro.
Já tive tantos pânicos e crises e elas passaram...
A da hora é a contagem regressiva.
Odeio contagens regressivas.
Fico nervosa porque as coisas não estão prontas como eu acho que deveriam estar.
E quando chegar a hora?
Quando chegar a hora ela vai sair, eu querendo ou não, com tudo pronto ou não, e aí eu vou começar a arrancar os cabelos por causa das fraldas, do choro de fome, das cólicas, porque eu continuo não vendo as pessoas o tempo todo...
E vou começar um novo ciclo de reclamações e pirações.
Mesmo assim, eu tenho certeza de que assim que ela nascer eu vou me esquecer de tudo que eu acho ruim.
Vou me apaixonar loucamente.
Vou me desmanchar toda...
A contagem regressiva é cruel.
Cruel porque eu já quero muito saber como ela é de verdade, sem ser em preto e branco.
Cruel porque eu também eu quero ver a carinha dela, ao invés de só sonhar com ela.
Quero que ela berre, que chute de fora.
Que faça de mim gato e sapato e que a nossa nova vida comece de uma vez...
domingo, agosto 22
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Puta que pariu...