Vida Roxo

Crises de uma carioca perdida

sábado, janeiro 3

Tô de férias...
Os primeiros dias do ano estão sendo atribulados.
Não descansei direito ainda, apesar de estar dormindo muito.
Os restaurantes do Rio querem me matar de fome.
Preciso resolver várias pequenas pendências e resolver pequenas viagens, mas isso é só a partir de segunda, quando o ano começa de verdade...
Com o começo, os restaurantes não vão mais poder me matar de fome, vou precisar me dedicar à dieta como nunca antes para desinchar do excesso de fim de ano.
Ando pensando numas coisas.
Pensando em textos e outras coisas.
Morta de saudades dos amigos.
Mas tudo isso fica pra depois.
Preciso fazer um café, limpar a cozinha, tomar banho e sair.
O esquema "meu querido diário" está suspenso por hora.
Não estou com saco de detalhar meus dias e companhias e pretendências e afins.
Lendo muito, vendo filmes, vendo amigos, bebendo muito.
Com saudades de tudo, mas feliz, calma.
Vai dar tempo para tudo, sempre.
E tudo ainda vai dar certo.
Aprendendo, mudando, escolhendo.

quinta-feira, janeiro 1

Eu comecei um post...
Um post onde eu falava do meu coração, dos últimos dias do Ano, de algumas incertezas. E esse post foi ficando grande, começou a virar uma espécie de retrospectiva com um quêzinho de opiniões novas, coisas que mudaram, que irão mudar.
Resolvi então, não colocá-lo aqui.
Não agora.
Os últimos dias do Ano estão aqui comigo, foram bons, fiz coisas e vi pessoas que achei que só iria fazer e ver este ano. O Último Dia do Ano, foi excelente, foi em família, foi tranqüilo, sem muvucada, com metal, playstation e cerveja. O Primeiro dia do Ano me levantou com um sentimento de que esse Ano eu vou resolver tudo.
Vou jogar fora tudo de ruim, vou resolver o pendente, vou dar certo.
Mas não quero restrospectivar nada agora.
Está tudo aqui.
Tudo que me aconteceu, todas as pessoas que estiveram presentes, que eu amo e amei, que foram importantes o suficiente para que eu as citasse aqui; todas as situações, depressões, inquietudes, choros e velas; todas as mudanças.
Não quero fazer a lista com tudo que quero fazer esse ano.
Não quero nada disso hoje.
Quero ficar assim, clama, quieta, curtindo o primeiro dia, do primeiro ano do resto da minha vida.
Zerei tudo de novo agora.
Emoções erradas, certas, emoções num geral. Brigas, mágoas, tudo. Tudo que me faz bem ou mau, hoje está zerado, está começando de novo.
E é isso.
Vou ficar aqui curtindo isso.

Feliz Ano Novo!!!

"O último dia do ano, não é o último dia do tempo. O último dia do tempo, não é o último dia de tudo. Outros dias virão."
Carlos Drummond de Andrade


quarta-feira, dezembro 31

ANO-NOVO


Só quero estar certo
Só quero estar por perto
Só quero fazer direito
Não quero mudar seu jeito
Não vou fazer se for para te perder
Só quero estar certo
Só quero estar por perto
Só quero fazer direito
Não quero mudar seu jeito

Sempre foi você quem quis
Por que não vem e me faz feliz?
Eu peço demais, eu quero
Mas em tudo que fiz eu fui sincero

Só quero estar certo
Só quero estar por perto
Só quero fazer direito
Não quero mudar seu jeito

segunda-feira, dezembro 29

Pois então...

Depois do Natal, sobre o qual eu estou com zero vontade de discorrer agora, tive esse ataque de putaquepariumerdacaralho e saí voada pra rodoviária...
Na boa, pruma cidadezinha de mierda, praonde tem um ônibus diário que sobe, quando está bombando, com 6 passageiros, já é coisa pra burro e só esses argumentos acabaram com a minha reclamação de que 18 pratas era dinheiro demais... Afinal de contas, dessa vez, foram só 4 passageiros, sendo que 2 desceram no meio do caminho, e 36 Reais para levar duas pessoas em um ônibus com banheiro e ar condicionado, realmente é coisa pouca. Calei minha boca nessa... Mas que o Motorista das 18 Horas é Desesperado, isso ele é. O sujeito corta e vira e corre e um dia desses eu ainda viro papinha nas mãos dele.
(Um dos motivos que levam a querer aprender a dirigir no Ano que Vem: não ter mais que encarar a Novo Rio nem o volante do Motorista das 18 Horas)
Mas enfim, como é de praxe, eu vou ao banheiro antes do ônibus sair e chego lá mijando nas calças, corro pelo meio da família e depois saio de lá assobiando de felicidade e aí sim faço os cumprimentos formais.
Dessa vez, o grosso da família estava lá, e uma coisa é inegável: ou você faz parte da metade magra da família (que, no momento, engloba apenas membros dos 20 para baixo, com apenas uma exceção) ou faz parte da metade enorme da família. Familinha de Hipopótamos essa.
Mas, enfim, tios, primos, crianças, todo mundo lá... Lembrou vagamente do tempo em que vovó era viva e a concentração era naquela casa todo fim de semana, com a leve diferença de que eu faço parte da Ala dos Coroas agora e a galera sai pra jantar porque Inês ainda persiste, mas não faz mais seus pãezinhos que nem chegavam a esfriar quando saíam do forno nem o marshmellow e a goiabada caseira. Em resumo: eu estou velha e a maravilha gastronômica dos fins de semana terminou.
E, como eu faço parte da Ala dos Coroas, mal cheguei, caí lá, na mesa de Buraco.
Esse vício eu aprendi lá, trouxe de lá. Na boa, eu A-DO-RO jogar Buraco! Pena que aqui no Rio eu não tenha parceiros...
E essa foi minha sexta.
Crente que Rodrigo ia querer fugir, que nós íamos terminar no Miquinho ou no bar do pagodão ao vivo; não. Casa, família, Buraco.
Sábado, quebrei o recorde das minhas intermináveis dormidas, que são facilmente explicadas partindo do princípio que eu ando meio deprimida por uma série de motivos cacetes e pus meu já puído maiozinho preto e fui ver se rolava um sol. Claro que a vida não é simples. Primeiro tive que tomar café na casa do pai, depois café na casa das tias e fazer um social até a primeira brecha para sair correndo rumo à piscina.
É que a Casa De Papai tem essas coisas; a pessoa precisa acordar cedo, tomar café, voltar pro almoço, pro lanche e pro jantar senão ele fica magoado – e com mais fome do que você – como toda boa casa à moda antiga; que Casa De Papai é à moda antiga, onde a pessoa não pode dormir junto com namorado (essa regra não vale mais para mim), tem que pedir a benção e morrer entupida de comer para não ficar fraca. O café na casa das tias é café café mesmo, daqueles com cafeína (que teoricamente eu não deveria tomar mais, mas foda-se que eu cheguei à conclusão que meu problema é excesso de medicamento e não de cafeína) e do tipo que só lá se faz, mas engloba o socialeterno.
Então, se eu acordasse as 9, tomasse café até as 9:30, saísse do Pai 9:45, fizesse social com as tias até 10:30, teria uma hora de sol para pegar – o que já é suficiente para a minha delicada, temperamental e oleosa tez – até ter que me secar para me arrumar para O Grande Almoço De Encontro Entre Os Descendentes Do Fulano De Tal Que Começou Esta Merda Toda.
De novo, a Vida não é fácil.
Além da Corja toda reunida, o sol, este corpo celeste que me adora, resolveu ficar se escondendo atrás das nuvens. Consegui pegar meia hora de sol. Preciso nem dizer que quando eu estava de banho tomado e prontacheirosa ele saiu com toda a força.
Então...

O Grande Almoço De Encontro Entre Os Descendentes Do Fulano De Tal Que Começou Esta Merda Toda:

O fato mais importante deste episódio se resume à seguinte coisa:
Eu Não Estou Acostumada À Coisas & Rituais Estranhos De Família Grande.

Aqui no Rio é melzinho na chupeta.
Família Roxo: 4 mulheres, 1 homem. Duas mulheres e o homem eu passo mais que metade do ano mantendo contato telefônico esporádico, uma não lembra nunca quem sou eu e só uma eu vejo quase todo dia e todos nós morremos de tédio toda vez que nos encontramos. Supersimples.
Família da Rê: os amigos que só me dão alegria.

Mas lá...
Lá é esquema famílião mesmo. Essa coisa de comer junto na mesa, de cair na porrada toda hora, de estar se arrumando para festa e brigar porque uma não voltou do cabeleireiro, o outro está com piriri, o outro não quer ir, todo mundo tem que ir em grupo e essas coisas todas que eu não estou acostumada, não entendo xongas e fico assistindo quieta e pronta no meu córner.

Se bem que eu ando com a impressão de que ultimamente eu realmente não entendo xongas de coisa nenhuma imediatamente e a tendência a ficar absolutamente espectadora das coisas não é só uma tendência, é fato, é estranho e as pessoas assumem que é lerdeza. Estado Estranho seria mais próprio.

Mas, de volta à grande confusão.
No fim das contas e das brigas, acabamos indo (eu e meus irmãos – os representantes oficiais do pai) em carros separados e em horas separadas.
Eu fui com meu primo preferido.
E isso foi bacana. Sempre que a gente se encontra é fast, mas excelente.
E as duas ovelhas em cinzas adentraram a festa pela cozinha, de masinho, como se já estivéssemos lá.
Até agora eu não sei bem se aquilo foi muito bacana ou muito bizarro. As pessoas vinham falar comigo sem saber quem eu era e eu sem saber quem elas eram e assim a gente ficava, só fui descobrir algumas pessoas bem lá no fim da festa. Eu nem sabia que certas pessoas que eu havia conhecido enquanto criança eram primas! Eu não sabia que tinham tantos! E continuo não sabendo bem quem são aquelas pessoas...
O almoço foi fraquíssimo de comida, mas de falta de bebida ninguém morreu.
Aí vem. Os Martins são foda. Três grandes gafes.
Uma minha. Vem meu tio, o dono da casa, falar conosco. Aí pára e fala e pergunta à minha prima se ela estava namorando. Eu estava meio viajando, já tinha tomado quase uma garrafa de vinho e não entendi mesmo nada do que ele falou, então...

- E você? Está maltratando alguém?
- Não.
- Por quê não?!?
- Ih, um monte de coisa...
- Mas, como assim? O que falta?
- Não sei nem por onde começar, tio...
- Mas está todo mundo tão encantado com a sua presença!
- Ah, deixa pra lá, tio, eu to bem...


Só que enquanto esse diálogo totalmente sem sentido rolava, minha irmã e minhas primas rolavam de rir. E quando terminou, meu irmão me olha e diz:

- Você gosta de chocar os velhos mesmo, hein...
- Ué, quê que eu fiz?!?
- Ele pergunta se você está sendo bem tratada e você diz que não, Renata!
- Aimeudeus! Juro por Deus que não foi o que eu ouvi! Ai, Rodrigo, quê que eu faço agora?!?
- Vai lá pedir desculpas...


Aí eu fui... Aí no meio disso tudo, meu tio aproveitou e lascou a mão na minha bunda. Mão na bunda ta perdoada a gafe.
Mas eu ainda passei a tarde ouvindo “E aí, ta sendo bem tratada? Hahahahahaha” do resto dos primos.

Depois meu outro tio foi sentar numa das cadeiras e quebrou a pobre e se esborrachou no chão. Fora que o primo preferido ainda ficou roubando cerveja da cozinha para nós e o nosso canto da mesa virou um cinzeirão.

Dancei com a velharada, tiramos várias fotos de grupo (onde eu escapei da divisão dos 30 pra cima, mas em compensação era a mais velha da minha geração) bebi um pouco e voltei trôpega com o mesmo primo que já estava catando cavaco e pôs a filha para dirigir por ele. Eu precisava de alguma emoção. Ainda fui jantar com povo onde bebi mais e ainda consegui jogar e ganhar no buraco de porre! Hehehehe

Mas que foi esquisito, foi...
Família grande assim eu não sei como funciona, me dá nervoso e eu só fico bem com ela na base da cerveja...

Aí depois disso tudo,que na verdade foi bem mais coisa que só o que veio acabar aqui, é claro que domingo, que era dia de conhecer a nova bonequinha de porcelana desta família toda, nem um terremoto (se Areal tivesse terremoto) foi capaz de me tirar da cama. Só às 4 da tarde, a tempo de pegar a rebarba do almoço e uma hora de sol. Banho e buraco noite adentro.
Hoje, acordei, o sol não saiu de novo, joguei a última partida de buraco do ano e voltei presta terra de mierda que eu adoro vai lá Deus saber porquê.

Viajei do lado de uns velhos chatos, andei pra burro com as malas pesadas, cheguei cansada, continuo cansada, aconteceram coisas.
Essas coisas que fazem com que eu queira gritar e arrancar os cabelos, que me fazem sentir imbecil, frágil, boba, Rainha das Bobas, me fazem também optar não fazer nada disso e me enfiar num bar qualquer e encher a fuça até cair e fazer outras coisas horrorosas.
Breve é quando?
Foi sério?
Bem nada!
Eu não imagino, eu sei.
E outras coisas sem sentido...
Nanda e Pedro me deram bolo, Dea sumiu, ninguém mais está em casa.
Vou atrás do Mau.
Vai dar merda.
Mas hoje o anjinho não ganha nem na porrada.
Pra quê que eu voltei?
Cidade horrível.
Vida besta.
Coração dói.
Calor do caralho.
Pra quê que eu voltei...?

Vou pensar nisso amanhã enquanto a aspirina fizer efeito....