Vida Roxo

Crises de uma carioca perdida

sexta-feira, dezembro 12

- Você quer casar?
- Quero...
- Porra, não pode! NÃO PODE! Vocês mulheres têm essa mania de querer casar, isso assusta a gente!!!
- Você me fez uma pergunta, eu respondi. Um dia eu vou querer casar, mas não agora.
- Ah, bom, um dia eu também quero casar...
- Eu quero primeiro encontrar um namorado, um companheiro bacana, se fosse desespero eu casava com o Eustáquio que é meu amigo, vai cuidar de mim e não vai me comer, pô!
(risos)
- Eu quero só os dois primeiros meses de namoro.

Os dois, na verdade, eram pessoas que viviam tendo relacionamentos longos, inclusive entre eles mesmos. Ele sempre passava dos dois meses de namoro. Ela vivia procurando o companheiro bacana. Ambos viviam se fodendo. Ambos desistiam do amor a cada seis meses até se apaixonarem de novo. Já tinham sido perfeitos um pro outro. Provavelmente nunca iriam se casar com outras pessoas. Resolveram trepar. Era mais produtivo. Coisas da vida.

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- Eu sou Maestro.
- Nem inventa, que eu já li “Valsa Negra”, já sei como você funciona.
- ...

Aturar artista ia ser foda, mas fazer o quê?

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Artista plástica frustrada, música frustrada, designer frustrada, escritora frustrada, atriz frustrada, dona de casa frustrada, mulher frustrada, filha frustrada, irmã frustrada...
Foi trabalhar numa loja.
Pelo menos pagava o álcool.

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Sempre quis saber se caso fosse puta teria clientes.
Pagariam eles qualquer coisa só pra tê-la?
Ou prefeririam procurar uma profissional de verdade?
De qualquer forma, já era tarde demais para entrar no ramo.
Morreria com a dúvida.

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Maldita educação moderninha!
Virou uma pessoa errada. Não acreditava em currículos, não sabia atender à entrevistas de emprego, não sabia se vestir para entrevistas de emprego, não sabia arrumar emprego.
Maldita educação moderninha e a herança eminente que receberia um dia.
Com 60 anos seria uma mulher rica!
Que maravilha!
Até lá, precisava aprender a se encaixar no “sistema”.
Se não morresse de cirrose ou câncer antes.

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- Na minha casa ou na sua?
- Em nenhuma... Não quero...
- Sexo oral?
- Não.
- Só beijo na boca?
- Você acha mesmo que eu caio nessa...?

Apesar disso, sentia saudades das trepadinhas ocasionais.
Maldita falta de libido ocasionada por senso de moral.
Antes continuasse sem moral alguma...

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- Eu sou um filho da puta.
- Meu bem, quando você estava pensando em virar a minha mãe já estava na zona há muito tempo...
- Você é louca.
- Louca, não. Burra, talvez. É que eu não desisto fácil das coisas que eu quero. Eventualmente eu canso, mas como eu sou lerda demora um pouco...

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Chega.


Letargia. [Do gr. lethargía, pelo lat. lethargia.] S. f. 1. Estado patológico caracterizado por um sono profundo e contínuo no qual as funções da vida estão de tal modo atenuadas que parecem suspensas. [Cf. catáfora.] 2. Estado de insensibilidade característico do transe mediúnico. 3. Fig. Sono profundo. 4. Fig. Desinteresse, indiferença, apatia. 5. Fig. Estado de abatimento moral ou físico; depressão. 6. Falta de ação, inércia, torpor. 7. Vida latente. [Sin. ger.: letargo.]

Para mim o ano acabou. Nada mais vai mudar nesse período medíocre de 20 dias. Vinte dias não são nada. Duas semanas e uns quebrados. Vinte dias são muitos dias. Mas, para mim, o ano acabou. Espero os vinte dias passarem. Puta besteira.
Puta besteira acreditar que a Vida vai voltar a andar só porque a contagem recomeça. Puta besteira acreditar que aquele brinde de champanhe vai fazer tudo ser melhor. Puta besteira acreditar que uma panela cheia de pétalas de rosa e mais um monte porcaria vai trazer o amor da sua vida dessa vez. Puta besteira acreditar que um embrulhinho com umas ervas fedorentas vão te dar o que você quer. Puta besteira dar duzentos pulinhos, molhar os pés na água e oferecer flores pro seu orixá. Puta besteira ir à praia de Copacabana enquanto explodem os mesmos fogos caríssimos que o seu dinheiro paga e você vê todo ano e ficar de beiça aberta. Puta besteira repetir essa porra toda todo ano. É só mais uma quarta-feira.
Uma quarta-feira em que as pessoas não trabalham, é verdade. Em que se vestem de branco e vão à festas e churrascos e se juntam com parentes e amigos e etc, etc, etc... Mas é só uma quarta-feira.
O ano muda, mas a minha Vida não vai explodir em milhões de fagulhas como os fogos, uma fada não vai aparecer e nada vai estar diferente de verdade. Não vou acordar na quinta-feira empregada, tendo uma casa minha, sendo a #1 da faculdade, tendo aquela pessoa especial do meu lado direito da cama e essas porras bestas todas que eu queria...
Mas mesmo sabendo disso, eu vou fazer essas coisas todas. Que nem todo o resto Burro da humanidade.
Enquanto eu espero esse dia chegar (dia em que eu nem sei onde vou estar, nem com quem), meu estado se define ali em cima. Não tem jeito. Todo mundo já está pensando como eu. Apesar da árvore de natal ainda estar na caixa, de não ter comprado presente nenhum pra ninguém, de não saber onde, como e com quem vou passar a Quarta-Feira da Estupidez, é fato que ambas as datas se aproximam muito mais rápido do que eu gostaria. Assim como o resto do ano passou.
O que você quer da vida?
Pergunta difícil... Capciosa...
Coisa pra caralho. Sei o que quero pra minha velhice, que pode nunca chegar. Sei o que quero a estúpido curto prazo. Mas não sei resolver.
Não sei resolver nada.
Como se resolve?
Planejamento estratégico de ações para depois do dia 1º?
Eu comprei uma agenda...
Sou uma bosta pra lidar com trabalho, grana, homem, tudo!
Como eu resolvo as coisas?
Calma...
Aproveita isso e aquilo...
Faz assim e assado...
Conselhos eu recebi duzentos...
Mas conselho não resolve pra você também.
Então é por isso, resolver, não vou resolver absolutamente nada nos próximos vinte dias. Vou descobrir como resolver.
Tenho certeza.
Ir à ceia de natal, ao almoço de família, essas porras todas e cair em prantos quando der 0:00 e eu achar que passou uma fadinha que pipocou fogos na minha Vida e vai fazer ela voltar a andar. Vou dar Graças a Deus. Dar pulinhos. Como todo o resto do Mundo Estúpido.
Não foi O pior ano da minha vida. Nem de longe. Já tive anos muito piores. Mas foi como naquele filme “Gatacca” em que o cara vai esticando as pernas aos poucos através de cirurgias e sente uma dor absurda, obvio; a minha dor esse ano, toda, foi mais ou menos nesse sentido, foi como se eu tivesse crescido tanto que a dor desse crescimento foi enorme.
Crescimento é excelente para a cabeça. Sou ótima ouvinte e psicóloga. A Rainha da Teoria e da Resolução dos Problemas Alheios,que até arromba portas! Mas isso não paga conta nenhuma. Não corta meu cordão umbilical. Não me dá as asas que eu quero. Só faz com que eu seja uma mistura atordoante de débil mental adoradora de acessórios infantis e desenhos animados e uma mulher que já passou por coisas que muita gente vai ter que viver o dobro da minha idade pra passar. Conciliar tantas pessoas dentro uma só é uma coisa dificílima. E eu não quero mais me importar com isso.
Quero lidar com a minha angústia em ter que virar mercenária e virar mercenária de fato. Quero acabar a faculdade. Quero sair daqui. Quero viver tudo de novo. Quero me preocupar com essas coisas. Quero me preocupar tanto com essas coisas agora para chegar num ponto em que isso tudo não vai me preocupar mais.

Deu pra entender?


Não interessa o que eu fiz quarta-feira e quinta-feira.
Vi pessoas, conversei, abracei.
Chorei.
Extraordinário?
Nada.
Passei em 3 matérias de 6 já. Tenho certeza de que vou repetir duas. Tenho prova amanhã. Tenho acordado pensado que faz um dia lindo. Me deu vontade de andar na praia. Dispensei mais uma boa trepada. Meus peitos doem inacreditavelmente. Nenhuma roupa me serve bem. Continuo brigada com a palavra “light”. Ando espartana nos últimos dias, mas com profundo desgosto. Continuo mais dura que pau de tarado. Ainda não entendi qual é da moda dos cintinhos de elástico que os camelôs andam vendendo. Já percebi que não vou conseguir fazer a minha tão sonhada terceira tatuagem antes do fim do ano. Não tenho mais certeza se quero me furar de novo. Acho que amarelei. Foram dois dias solitários. Foram dois dias em que recebi visita de pessoas muitíssimo queridas. Apesar de ter criado uma região nova na Oceania (meu histórico diz que isso é normal, já criei guerras mundiais sem a ajuda de presidente nenhum), acho que fiz uma boa prova de Geografia. Estou morta de arrependimento porque todos os meus coleguinhas (85%) já estão de férias e a palhaça burra aqui tem prova até terça-feira porque foi incapaz de escrever coisas coerentes em duas provas de uma mesma matéria e porque perdeu uma prova de outra matéria. Vida besta as dos cupins alados, morrem milhões, eu esmago milhões, milhões podem estar morando nos móveis. Ódio dessas baratas de espécies diferentes que cismam se aparecer aqui quando eu não tenho nem uma latinha de raid ao alcance. Sem saco de fazer as unhas. Os cabelos brancos já voltaram a aparecer. Estou com vontade de roubar e me pesar antes de ir ao médico de novo. Me sentindo uma bola de futebol mal vestida. Querendo, cada dia mais, peitos novos. Sentindo saudades de vários amigos. Preocupada com outro tanto. Precisando visitá-los. Lendo muito. Perdi os óculos e estou tendo dores de cabeça brutais. Fim de semana chegando e eu bolando um uso pra garrafa de cachaça vagabunda que eu ganhei em outubro. Com vontade de pegar a garrafa de vinho italiano que eu ganhei também, que deveria ser divida com propósito e sair bebendo ela sozinha pelas ruas. Vontade de estar em tudo. Ao mesmo tempo vontade de não estar em nada, lugar nenhum. Preciso de colo.
Interessante pra caralho, né?
Detalhar o processo disso tudo só ia ser chaaaaaaaato...
Odeio ser chata.
Mas ainda estou viva.
Com a cabeça pipocando.

terça-feira, dezembro 9

Voltei!

Pois é...
Pela primeira vez, eu fui, voltei, me diverti e me arrependo de ter voltado... É que quase sempre que eu vou levo amigos comigo... Foi uma espécie de tática que eu desenvolvi na adolescência para distrair os parentes famintos de amor e ter um pouco de paz durante a minha estada... Mas dessa vez foi bom pra caramba...
Na quinta, depois deu encarar rodoviária e afins e de algumas confusões com recados, ficamos em casa... Eu e meus irmãos ficamos de papo até as 4 da madrugada... Eu lembro que quando eles nasceram, eu pensava muito como seria quando eles fossem maiores, como eles seriam, como seria o nosso relacionamento... Tudo bem que nos meus pensamentos, a essa altura, eles passariam fins de semana na minha casa, mas... Até que não saiu tudo tão torto... Meu irmão é um cara bacanérrimo, tem uma cabeça super legal, me dá uns puxões de orelha e parece pra burro comigo em pensamentos e comportamento... Minha irmã é a coisa mais linda do Mundo, tem a mesma fobia de insetos que eu, mas pra ela ainda falta alguma coisa, ela está crescendo (os três, na verdade), é a mais carinhosa e linda, é isso, minha irmã é linda, não tem outra palavra pra descreve-la...
Todos os 3 sabem muito bem que, como irmãos, passamos muito pouco tempo juntos, eles me telefonam pouco, eu menos ainda, mas a gente é irmão pra burro junto, sabe disso e é bom saber que eu vou ter essas duas pessoas maravilhosas comigo pro resto da vida... A falta do 4º irmão é grande em todos nós, mas eu e o Rô achamos que um dia ele aparece de novo...
E nós conversamos sobre tanta coisa...! Nós, os pais, ao amores, as dores, as amizades, o futuro... Foi bacana, bacana... Igualzinho o que queria que fosse quando eles nasceram...

Sexta, eu fui pôr o papo em dia com as tias...
A gente se senta na varanda, conversa, toma baldes de café, fuma dúzias de cigarros, ri pra caramba e é bom... Apareceu uma nesga de sol e eu peguei uma hora de piscina, depois a gente resolveu ir ver meu desfilar... Popular do jeito que ele é lá, foi convidado pra desfilar por uma grife da cidade que eu esqueci o nome, convenci o papai e a Beta a irem e a família repinica foi toda em peso assistir ao desfile... Desfile na Associação Atlética Arealense... Já dá pra ter uma idéia, né?
Foi um espetáculo, em todos os sentidos, mas se eu contar todos os detalhes e desdenhar muito, qualquer dia desses alguém de lá descobre o blog e me mata... Meu irmão, todo prosa, desfilando até de sunguinha (coisa que eu e a Beta não sabíamos bem se ríamos de chorar ou aplaudíamos orgulhosas), fez bonito... Mas o melhor momento do desfile foi quando a apresentadora disse: “Voces estão vendo toda a beleza, graça e charme da juventude Arealense”.
Valeu a minha noite.

Depois, claro que a gente queria dar abraço, beijo e etc... Conseguimos depois de uma certa luta e aí lá vem o Rô, me fazer convite indecente pra ficar lá com ele no “agito”... Pensei, pensei, e, pô, quando que meu irmão vai pagar todas as cervejas da noite pra mim de novo?!? Pode demorar... Aí eu fiz ele prometer que não ia me largar sozinha de jeito nenhum e fiquei... A Beta a gente não conseguiu convencer por nada no Mundo...
Não posso nem reclamar dizendo que me engabelaram por que eu conheço a “night” arealense não é de hoje... É a única cidade do Mundo em que não existe um serzinho vagabundo que escute as músicas que eu escuto... Quando essas pessoas começam a escutar se mandam de lá rapidinho... Então fui parar num botecão (excelente, por sinal, enquanto botecão) com um pagodão ao vivo e toda aquela juventude bizarra e louquíssima em volta... Eu não sei bem porque, mas meu rmão só me apresentou meninas a noite toda... E eu fiquei espantada porque a cada novo apresentamento era a mesma coisa: “Nosa! Tu é a cara de Roberta!”.
Nunca tinham achado antes, de repente fiquei a cara de Roberta... Não é ruim, minha irmã é linda, mas eu não acho... Primeiro porque eu não sou linda, depois porque eu não acho mesmo... Fiquei um pouco confusa...
Aí de lá fomos pro outro bar da cidade (não tem erro, só tem 2 bares, se as pessoas não estão em um, estão em outro), que eu acho bem mais legal e a caipivodka é R$ 3,00 e é porrada...
Resultado: voltei meio bêbada, mas a noite foi legal pra burro... E meu irmão fica todo prosa quando sai comigo... Já até aprendeu que eu sofro muito com o repertório arealense e não força a barra... hehehe

Sábado choveu canivetes e eu acordei com uma ressaca choque de monstro...
Passamos o dia em casa de novo, com campeonato de buraco rolando, tios chegando, família... Bem família...

Domingo, dia de ir embora...
Corre daqui, corre dali, despede daqui, beija dali e lá vim eu de volta...
Prometi voltar daqui a duas semanas para um almoço familiar onde pretendem juntar todos os descendentes do primeiro filho da puta que resolveu começar essa família...
Mal cheguei, toca o telefone: “E aí? Empório?”
Claro! Claro!
Mal cheguei e já voltei “pro esquema”...
Amigos, chopp, música, cheio, cheio, cheio, legal, como todo domingo!

Aí eu fui escalada para ficar na loja dos meninos essa semana durante as tardes... Achei ótimo, que cansa, eu penso menos merda da vida e fico ocupada... Por enquanto, estou concorrendo ao título de pior funcionária do mês, porque tanto ontem quanto hoje eu cheguei atrasada...

Segunda, por que estava exausta e a cama foi mais forte do que eu...
Mas foi um bom dia... Calmo...
Aí cheguei em casa, toda produzida by Dedea e fiquei horas conversando mentalmente comigo mesma se ia ou não à Matriz... O lado “do esquema” ganhou mais uma partida... Fui... E estava todo mundo lá... E eu vi meus amigos, conversei, dancei bastante, fiquei com soluço...
O assustador foram aquelas pessoas todas dizendo como eu estava linda, maravilhosa e afins... Eu não me acostumei... Acho que não vou me acostumar nunca...
E o que era o gordinho odara me perseguindo?
E o que foi aquele aluguel eterno de ex-caso querendo se dar bem?
Saco nenhum pra isso, na boa... Pessoas certas, novas e interessantes eu agüento... Até dou um gás... Tenho que dar, né?
Mas só o que me interessa é passar a semana bem, tranqüila... Terminar essas provas cacetes... Descobrir o que vou fazer da vida... O que vou fazer no reveillon... Isso me preocupa e ocupa mais que o resto...

Hoje, atrasada de novo porque esqueci da vida...
Ouvi duas vozes boas, o dia correu bem...

O resto ainda me preocupa e ocupa também, só que num plano mais baixo... Mais baixo de que jamais foi... Esquisito isso... Mas não quero desenvolver isso agora...
Amanhã vai ser um longo dia...